Outro dia nós conversamos sobre as rochas ornamentais, o que são, quais os tipos e a suas respectivas classificações, você se lembra? Bom, se a sua resposta for não, basta dá uma olhadinha em um artigo nosso que já está pronto: Rochas ornamentais: fique por dentro das últimas mudanças na Lei . Entretanto hoje nós vamos bater um papo sobre o rejeito dessas rochas.
Você já parou para pensar o que é feito com todo o material que “sobra”, ou o que acontece com o “lixo” das construções civis, ou até mesmo o que é feito com os rejeitos da extração dessas rochas? Até o final desse artigo vamos tentar esclarecer essas questões para você.
Por que reaproveitar os resíduos?
Bom, vamos começar do início. O Brasil é um importante produtor de rochas ornamentais no cenário mundial, o que, obviamente, torna a questão dos rejeitos um ponto de grande relevância a ser discutido.
O estado do Espírito Santo se tornou referência mundial na produção de mármore e granito. Ele também se destaca como líder absoluto na produção nacional de rochas, possuindo investimentos do parque industrial brasileiro e tem mais de 600 jazidas ativas de granito, produzindo até 500 tipos diferentes deste produto.
Diante de todo esse volume de produção, a consequência é um volume considerável de rejeitos, que são depositados em pilhas, o que os tornam passivos ambientais.
E o que é um passivo ambiental? Bem, passivo ambiental é todo tipo de impacto causado ao ambiente, ou seja, resíduos produzidos por meio da atuação de um empreendimento que não tenha sido reparado ao longo de suas atividades.
O que são rejeitos e estéreis?
Vamos começar diferenciando lixo, resíduo e rejeitos. Isso vai ser importante para que você não confunda os seus significados ao longo desse artigo. Apesar de apresentarem sentidos parecidos, e de ser comum trocarmos as nomenclaturas durante uma conversa é interessante entender suas diferenças.
–Lixo: segundo a ABNT, o lixo é o resto das atividades humanas, considerados como inúteis, indesejáveis ou descartáveis, podendo se apresentar no estado sólido e líquido, desde que não seja passível de tratamento.
–Resíduos: é tudo aquilo que pode ser reutilizado e reciclado e, para isto, este material precisa ser separado por tipo, o que vai permitir ser destinado para outros fins. O interessante é que esses podem ser encontrados nas formas sólida (resíduos sólidos), líquida (efluentes) e gasosa (gases e vapores).
–Rejeitos: o rejeito é um tipo específico de resíduo, quando todas as possibilidades de reaproveitamento ou reciclagem já tiverem sido esgotadas e não houver solução final para o item ou parte dele.
Voltando a falar de mineração, nos seus processos produtivos, gerar resíduos sólidos é inevitável. Já que temos a busca pelos melhores teores e as especificações mais favoráveis, isso promove um tipo de seleção, gerando assim os resíduos.
Nos resíduos da mineração, temos em destaque a existência dos resíduos sólidos de extração (estéril) e do tratamento/beneficiamento (rejeitos).
Em resumo, o rejeito é a parte não aproveitável do mineral ou minério, é o que sobra do beneficiamento. Enquanto o estéril é aquela parte que precisa ser retirada para prosseguir com a lavra, e que posteriormente não será destinada ao beneficiamento.
Portanto, esses resíduos estéreis são gerados na abertura da pedreira, e principalmente durante o desenvolvimento das bancadas, um exemplo é o descarte de blocos considerados fora das “características” solicitadas pelo mercado ou os blocos com defeitos, apresentando fraturas e trincas.
Assim, uma vez que apresentam defeitos suas causas podem ser diversas, podem ter como origem: as fases críticas das operações de lavra, o manejo de explosivos, o tombamento de painéis, o manuseio dos blocos, origem tectônica, e principalmente devido ao alívio das tensões internas das rochas.
Quais as principais etapas geradoras de resíduos de rochas ornamentais?
É um pouco difícil para pontuar qual é o principal fator gerador de resíduos, uma vez que a mineração, como um todo, promove grandes volumes de descartes de diferentes materiais.
Veja bem, sendo necessário apontar grandes fatores que geram resíduos, podemos falar sobre não conhecer de forma detalhada o espaço que será lavrado. Isso pode acontecer graças a falta de experiência, conhecimento de técnicas, estudos avançados e, o mais comum, a falta de investimento.
Nestes casos, as pesquisas de exploração não foram aprofundadas e o investimento para se desenvolver tecnologicamente não foi dado como prioridade. Isso atrapalha a realização de projetos mais eficientes, principalmente ao falar do aproveitamento dos minérios extraídos o que, como consequência, gera um volume muito maior de resíduos.
Assim como todas as atividades de extração e beneficiamento das rochas ornamentais, ainda que bem realizado, geram, em algum nível, material para descarte. Nas lavras, durante a extração dos blocos e no beneficiamento, a serragem dos blocos, o polimento e o corte com as dimensões comerciais. Em todas as etapas desse processo são gerados resíduos e rejeitos.
Como reaproveitar os resíduos de rochas ornamentais?
Visando as questões ambientais, a grande quantidade de resíduos gerados é a maior problemática do mercado de rochas.
Os estéreis, por exemplo, no geral são dispostos em pilhas próximo das frentes de lavra ou são espalhados pelo empreendimento minerário. Para organiza-los em pilhas são ocupados grandes espaços, espaços esses que muitas das vezes para conseguir serem ocupados é necessário retirar a vegetação nativa.
E para completar, quando é necessário procurar por novas áreas para o depósito dessas pilhas, o empreendimento em questão, a pedreira, está contribuindo para a degradação ambiental e reduzindo espaços de uso comercial, uma vez que estão impedindo o aproveitamento desses terrenos para outros fins, como a agricultura e a pecuária, ainda que as mesmas também carreguem parcela de “culpa ambiental”. Entretanto, sabemos que são indústrias fundamentais para a sociedade e necessitam de áreas aproveitáveis, áreas essas que estão sendo ocupadas por rejeitos e estéreis da mineração.
Além disso, quando esses são dispostos de forma incorreta, é muito fácil acontecer situações não planejadas e agravar todo o problema inicial (o volume de material a ser descartado), a exemplo de escorregamento e carregamento dos sedimentos pelas águas pluviais, podendo ser levados para cursos de água, causando assim assoreamento, aumento da turbidez e de partículas em suspensão.
Se você parar para pensar que aproximadamente 30% de um bloco ornamental é reduzido a pó só nos processos de serragem, imagine a quantidade de rejeito que é gerado em todos os processos?
Bom, então, como finalmente reaproveitar os resíduos de rochas ornamentais? Essa é a famosa pergunta que vale um milhão. Reduzir e reaproveitar os resíduos e rejeitos das industriais gerados durante o processo de exploração e beneficiamento, é um dos grandes desafios para tentar reduzir os impactos ambientais, o passivo ambiental que comentamos anteriormente.
Várias pesquisas visam estudar as possibilidades de aproveitamento desses resíduos em aplicações industriais, principalmente ao se falar da indústria da construção civil.
Uma das alternativas estudadas para o aproveitamento dos rejeitos que são gerados pela atividade de lavra das rochas ornamentais é o beneficiamento dos mesmos para serem utilizados como agregados na construção civil.
E o que são os agregados? Os agregados são fragmentos de rochas popularmente conhecidos como “areias” e “pedras”. Eles são os grãos que não têm definido nem volume e nem forma. Diferentes tipos de fragmentos são aproveitados em muitas obras de construção civil, principalmente em edificações, pavimentações, barragens e saneamentos.
A britagem e o peneiramento podem ser realizados em Unidades de Tratamento de Minérios, as famosas UTM’s, instaladas dentro do próprio empreendimento minerário.
Para que isso seja possível, é necessário seguir algumas etapas, como:
- Caracterizar o rejeito nos aspectos: físico, químico e mineralógico;
- Realizar ensaios técnicos com os agregados produzidos a partir do beneficiamento dos rejeitos;
- Confeccionar concretos e argamassas com os agregados produzidos e em diferentes dosagens;
- Submeter tais concretos e argamassas a ensaios técnicos, verificando assim, se atendem aos requisitos estabelecidos pelas Normas Técnicas Brasileiras pertinentes.
E, considerando a mineração uma indústria que movimenta grandes valores investidos, da mesma forma que são realizados estudos de viabilidade técnica, é importante averiguar também a viabilidade econômica de implementar uma planta de britagem e peneiramento para aproveitamento dos rejeitos gerados no processo de lavra.
Sendo assim, é necessário contabilizar o índice de lucratividade, calculado a partir dos investimentos iniciais em máquinas e equipamentos para britagem, despesas com manutenção e pessoal, custos operacionais da atividade, preço do frete, custos com projetos ambientais, custo com regularização da atividade, entre muitos outros.
Caso seja um assunto que te interesse, temos um artigo detalhado sobre os processos de britagem e moagem no nosso blog, dá uma olhadinha: Moagem: o que é, objetivo, funcionamento e tipos.
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