Mês: outubro 2020

Mármores x granitos: quais as vantagens e desvantagens de cada um

Aposto que você já deve ter ouvido falar sobre granitos e mármores. Não é preciso ser um profundo conhecedor do setor mineral para conhecer algumas das características dessas rochas, principalmente sua utilização no cotidiano. Neste artigo você irá encontrar informações enriquecedoras para seu conhecimento sobre essas interessantes rochas, desde utilidades, características geológicas, forma de extração e até mesmo curiosidades.

Entrando nas definições, podemos definir o granito como uma rocha ígnea intrusiva, ou seja, uma rocha que se cristalizou no interior da crosta terrestre, já o mármore é uma rocha metamórfica originada do calcário quando o mesmo é exposto a altas temperaturas e pressão baixa a moderada.

Embora a história não seja precisa, temos registro de uso dos mármores e granitos há aproximadamente 5 mil anos atrás. Os estudos levam a crer que seu uso tenha começado no antigo Egito, onde eram utilizados na construção de túmulos faraônicos e monumentos, posteriormente os registros históricos indicam o uso por parte dos gregos e romanos em suas respectivas arquiteturas.

Colunas de mármore do Corinthian-estilo bem preservado no templo de Diana em um dia ensolarado em Merida Fundado pela Roma antiga na Espanha ocidental. Fonte: dreamstime

Ruínas de uma coluna de granito. Fonte: UOL.com
Espaço onde se extraiu um bloco de granito em Asuán, Egito. Fonte: UOL.com

O granito e o mármore são rochas com muitas particularidades e possui algumas curiosidades. Você sabia que o mármore pode ser utilizado como suplemento? Isso mesmo o mármore é rico em cálcio, por isso pode ser moído e usado como suplemento em fazendas para alimentar animais como galinhas e vacas.

Já sobre o granito, pouca gente sabe que o mesmo é radioativo assim como muitos outros minerais naturais, o material contém traços de urânio, componente radioativo, porém algumas peças de granito contêm mais que a quantia comum de urânio. Assim dependendo da quantidade, o material pode causar câncer, mas no uso doméstico o material não causa risco ao usuário.

Quais as formas de utilização destas rochas?

Como citado anteriormente, tanto o granito quanto o mármore tem sido muito explorado pelo homem há aproximadamente 5 mil anos e até hoje é essencial, principalmente em obras arquitetônicas e usos domésticos.

Utilidades do mármore

 Sem sombra de dúvida a principal forma de utilização dos mármores é como “pedra” ornamental, muitos arquitetos optam por utilizar os mármores para decorações, por trazer um ar mais sofisticado e elegante, alguns exemplos de aplicações no ambiente doméstico são, pias, mesas, bancadas, pisos, entre outros.

Aplicação de mármore em uma bancada de cozinha

Uma vertente da utilização do mármore são os objetos ornamentais e esculturas, como a famosa estátua Vênus de Milo que foi esculpida em mármores no século II a.C. ou a escultura da Virgem Maria com um véu foi produzida em mármore de Carrara, em Roma, pelo famoso escultor italiano Giovanni Strazza, em meados do século XIX. 

Vênus de Milo e a Virgem Maria respectivamente

Utilidades do granito

O granito compartilha de semelhanças com o mármore em sua utilização. Basicamente ele tem como principal forma de utilização revestimento de pisos, paredes e fachadas, além de ser utilizados na confecção de bancadas, mesas, pisos, pias. Assim como o mármore, o granito também é utilizado para esculpir esculturas.

Esculturas de granito a céu aberto no Parque Nilo Coelho no agreste pernambucano.
Bancada de granito

Principais diferenças entre o granito e o mármore

Uma das maiores questões quando falamos sobre granitos e mármores é saber as diferenças que uma possuem em relação a outra, já que por muitas vezes elas são confundidas entre si, por serem utilizadas praticamente da mesma forma.

A principal diferença que essas rochas possuem é quanto a sua formação, enquanto o granito é uma rocha ígnea intrusiva, constituída de quartzo, feldspato e micaminerais, e o mármore é uma rocha metamórfica originada do calcário.

Na utilização doméstica dessas rochas temos uma diferença importante a qual devemos nos atentar. O mármore possui algumas desvantagens em relação ao granito, dentre eles o fato de possuir algumas porosidades, por isso não se recomenda a utilização do mesmo em área de umidade, além disso o granito tem uma dureza e resistência maior, o que impede por exemplo de que na utilização de uma bancada ele sofra arranhões ou quebre com mais facilidade.

Hoje em dia já existem impermeabilizadores que podem ser aplicados no mármore fazendo com que essas diferenças não sejam perceptíveis.

Por fim, existe a diferença no valor das rochas, esse fator vai depender muito da região em que você está procurando a mesma, pois irá depender do fator de disponibilidade do material. No Brasil a produção de mármore é menor, portanto o preço desse tipo de pedra é mais elevado do que o granito.

Características geológicas presentes

A geologia de uma rocha é a sua parte mais importante, nela podemos obter todas as informações necessárias sobre a mesma e a partir daí saberíamos onde utilizá-la, finalidade, vantagens e desvantagens. Podemos afirmar que todas as informações sobre uma determinada rocha está presente nas suas características geológicas.

Mármore: Como já dito, é uma rocha metamórfica, originada do calcário. Sua mineralogia possui calcita, dolomita, quartzo, pirita, anfibólios e díopsidio. Composição química é definida como rocha carbonática, possuem uma estrutura maciça. Originada de um metamorfismo de contato ou regional, sua cor é na grande maioria preferencialmente clara. Rocha que possui baixo grau de dureza.

Granito: Uma rocha ígnea intrusiva, com cristalização subterrânea, composta essencialmente pelo quartzo, mica e feldspato, hornblenda, zircão e outros minerais. Sua composição química é predominantemente formada por sílica. As cores de granito mais encontradas na natureza são as de tons cinzento e avermelhado, porém podem ser encontrados em diversas cores. Rocha que possui alto grau de dureza.

E como são extraídas essas rochas?

No processo de extração do granito e mármore são extremamente necessários equipamentos apropriados e equipe profissional bem preparada, já que a atividade é delicada e requer segurança de pessoal e preservação das rochas no momento da extração.

Na extração, a rocha é fatiada para obter blocos enormes, nesse processo de fatiar a rocha diversas ferramentas são utilizadas dentre elas: máquina de fio diamantado, hidrobags, marteletes, brocas diamantadas, dentre outros. Na primeira parte da extração é retirado um pedaço maior chamado de bancada ou prancha, seu tamanho varia aproximadamente de 12 metros de comprimento, 6 metros de altura e 1,80 de largura, após a retirada dessa banca um profissional treinado realiza a analise pra demarcar essa rocha em várias área para um novo corte de blocos menores, possuindo 3 metros de comprimento, 1,8 metros de altura e 1,8 metros de altura. Para fazer a movimentação desses blocos dentro da jazida, são utilizados grandes tratores como máquinas pá carregadeiras.

O próximo passo com os blocos já armazenados em grandes caminhões, se dirigem para a indústria, onde os blocos serão transformados em chapas. As chapas podem ser produzidas nos seguintes acabamentos: Polido (com brilho), levigado (sem brilho) e escovado (sem brilho). Após esse processo o granito e mármore estarão prontos para ser comercializado. Os projetos de pias, escadas, balcões, colunas, entre outros, são executados pela marmoraria.

Concluindo

As duas rochas tem suas particularidades, vantagens e desvantagens e a escolha de qual utilizar fica a critério do comprador que irá decidir qual atenderá melhor a sua necessidade.

Leia também: Registro de extração: o que é, quem pode requerer e como requerer


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CFEM: impactos do RAL na cobrança

Como todo ano, na área da mineração é comum surgirem aquelas obrigações e declarações oficiais a serem prestadas para o governo. O Relatório Anual de Lavra (RAL) é uma delas.

O Relatório Anual de Lavra é uma ferramenta que coleta dados visando reunir informações de interesse social, financeiro e comercial do setor mineral. É através dessas informações que é possível analisar o desempenho de cada substância no mercado, os avanços do setor e, principalmente, seu desenvolvimento.

O que é o CFEM

O CFEM ou Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais é uma contraprestação paga à União pelo aproveitamento econômico desses recursos minerais.

A CFEM foi prevista na Constituição Federal de 1988, instituída pelas Leis nº 7.990/1990 e 8.001/1990. Foi regulamentada pelo Decreto nº 01/1991 e, a partir de então, passou a ser exigida das empresas mineradoras em atividade no país.

Conforme definiu o decreto, a CFEM incide sobre o faturamento líquido, no caso da venda do minério bruto e beneficiado, ou no custo intermediário de produção, quando o produto mineral e consumido ou transformado em um processo industrial. Entretanto, com a medida provisória 789/2017, na hipótese de saída por venda, passou a ser a receita bruta, deduzida apenas dos tributos incidentes sobre a venda que foram pagos ou compensados.

O RAL e o CFEM

Existem alguns pontos importantes a serem tratados aqui, que se relacionam diretamente com o RAL e o principal deles é sua relação com o CFEM.

Além de suportar a elaboração do Anuário Mineral Brasileiro e outras publicações da ANM, os dados declarados nos Relatórios Anuais de Lavra têm sido utilizados como instrumento de verificação de consistência dos recolhimentos de CFEM efetuados pela empresa, utilizando as informações de aproveitamento econômico dessa declaração, confrontados com os valores recolhidos pelo desenvolvimento dessa atividade.

Apesar disso acontecer, o RAL não foi um instrumento criado com essa finalidade, possuindo deficiências que acabam trazendo divergências em relação aos recolhimentos de CFEM, cuja mecânica de apuração compreendem valores de deduções não existentes no referido Relatório.

Estima-se que exista um passivo de aproximadamente R$ 1 bilhão referente as notificações administrativas emitidas pelo DNPM entre os anos de 2009 a 2014, cobrando diferenças entre os valores declarados nos RAL’s e os valores recolhidos a título de CFEM.

Assim, os dados informados nos Relatórios Anuais de Lavra acabam por impactar nas cobranças de CFEM. Obviamente, o preenchimento correto do RAL não acabará com as divergências, pelo motivo explicitado acima, mas minimizará suas consequências. É parte da solução, que deve ser complementada por ações de gestão da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais por parte das empresas.

Concluindo…

Existem ainda alguns erros muito comuns no que se refere ao preenchimento das informações sobre a CFEM no RAL. Um deles é cometido pelas mineradoras que possuem direitos minerários contíguos e que operam em cava única, extraindo, de forma indistinta, substâncias minerais inseridas nas poligonais de vários desses direitos.

Também acontece de colocarem unidades de medida de forma errada!! Isso porque ao emitir a CFEM, é possivel colocar em metros cúbicos ou tonelada e no RAL, apenas toneladas. Logo se não forem transformadas, as informações do RAL estarão completamente erradas resultando em cobranças erradas.

Outro erro que ocorre é recolher a CFEM, encontrar valores em aberto e lavrar com a notificação de lançamento de débito, já que o recolhimento feito pela mineradora, ainda que tenha sido feito ao valor global correto, não indicou a proporção pertinente a cada um dos direitos minerários em operação.

Veja também: Guia de utilização: e que é e como requerer ou prorrogar


A Cristal é uma empresa que atua há mais de 17 anos no mercado de mineração e possui uma equipe altamente capacitada para emitir o CFEM e RAL da sua empresa.

Queremos te auxiliar e ajudar a viabilizar seu negócio, reduzindo os impactos ambientais e apresentando soluções sustentáveis para o seu empreendimento. Ficou interessado? Quer saber mais? Entre em contato com a gente por nossas redes sociais e tire suas duvidas. Será um prazer atender você!

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Blaster: O que é, como ter a habilitação e os riscos de não ter esse profissional na sua equipe

Com certeza você já deve ter ouvido falar por aí de empresas que estavam contratando profissionais em “blaster” urgentemente, não é? É bem comum encontrarmos anúncios desse tipo feitos por empresas do setor extrativo, mas não se assuste por saber que empresas do setor de construção civil também estão em constante busca por esses profissionais qualificados.

Algo recorrente na área trabalhista do nosso país é o fato de empregados receberem cargos que tratam de funções que não dizem respeito à sua qualificação, podendo acarretar em perdas tanto financeiras quanto técnicas, que muitas vezes levam à prejuízos irreparáveis.

Mas por que abordar essas questões aqui? Porque é fundamental que você entenda quais impasses e temáticas estão relacionados à carreira desse profissional tão importante, que é o blaster.

Neste artigo você irá descobrir tudo sobre o blaster, desde a origem do nome da profissão bem como as atividades que ele realiza e de que materiais faz uso.

Verá também como se tornar um profissional habilitado em blaster, sua atuação no Brasil e quais os riscos você corre em não ter esse profissional na sua equipe de lavra.

O que é o Blaster?

A palavra “blaster” se origina do inglês e significa “dinamitador” ou “detonador” para algumas traduções alternativas. É bem intuitivo tal significado e podemos a partir dele chegar a uma definição cabível. O blaster é o “encarregado de fogo” de um empreendimento, responsável por realizar o manuseio, arranjo, disposição e detonação de explosivos destinada ao deslocamento de matéria.

No caso de empreendimentos mineiros, é o responsável por executar o plano de fogo, projeto referente ao desmonte das rochas que contém o bem mineral a ser lavrado, beneficiado e comercializado posteriormente.

Com certeza você deve ter pensado no perigo e na responsabilidade associados à essa profissão. E realmente isso é algo muito importante a se considerar, pois erros relacionados a essa atividade pode colocar toda a empresa em risco, bem como a vida do próprio blaster e de outros profissionais ativos em campo.

Falamos até aqui sobre questões restritas ao trabalho de um blaster, sendo que algumas delas são fundamentais para a compreensão integral de suas funções.

Por isso a partir de agora vamos ver três importantes elementos ligados ao exercício do blaster que é indispensável que você entenda.

Desmonte de rocha

O desmonte de rochas é uma das operações unitárias mais importantes da atividade de lavra, que consiste em realizar a ruptura de superfícies rochosas por meio de explosivos que são dispostos em furos verticais ou inclinados.

De forma geral, essa etapa tem por objetivo fragmentar o maciço rochoso para que o bem mineral fique mais acessível e seja posteriormente beneficiado. Mas alguns objetivos principais estão associados à essa atividade, como:

• Fragmentação e distribuição granulométrica adequadas que permitem carregamento, transporte, manuseio e beneficiamento eficientes;

• Minimizar impactos ambientais;

• Otimização de custos, inclusive os das operações posteriores;

• Empilhamento do material desmontado;

• Danos pouco impactantes à frente de desmonte remanescente.

Mas será que o processo de desmonte será o mesmo para qualquer tipo de rocha que se queira desagregar? Certamente que não. Pode parecer um pouco óbvia essa questão, mas existem alguns fatores que são limitantes na hora de escolher o tipo de explosivo e o método de desmonte adequado. Tais fatores dizem respeito às propriedades das rochas envolvidas. Vamos ver algumas delas:

1. Resistência dinâmica da rocha

Quando a intensidade da onda de choque supera a resistência dinâmica da rocha, ocorre o trincamento. É preciso, portanto, conhecer previamente a resistência da rocha para escolher o tipo e a quantidade de explosivo a ser utilizado.

2. Densidade

A densidade da rocha está diretamente relacionada com a sua resistência dinâmica – capacidade da rocha opor-se à ruptura quando submetida à energia de choque da explosão. Em geral, rochas com baixa densidade se deformam e rompem com maior facilidade, em relação àquelas com maior densidade.

3. Porosidade

A porosidade da rocha se dá pelos espaços deixados entre os grãos de minerais e/ou pela dissolução destes em determinadas situações. Os efeitos desta propriedade são basicamente:

• Atenuação da energia de choque;
• A redução da resistência dinâmica de compressão.

4. Estruturas

As fraturas, juntas e planos de fraqueza (xistosidade, corrida da pedra) influenciam na propagação da onda de choque e na expansão dos gases. A melhor direção de corte para as rochas ornamentais por exemplo, é justamente aquela paralela à corrida da pedra.

Explosivos

É muito importante para o profissional de blaster saber os materiais presentes nos explosivos utilizados e nas conexões do sistema de detonação, bem como quais as classificações e os tipos de explosivos.

Mas antes de falar sobre esses materiais, o que pode ser definido como explosivo? Explosivos são compostos químicos ou misturas de produtos químicos que podem produzir efeitos explosivos ou pirotécnicos. Esses efeitos estão relacionados à libertação a grande velocidade de grandes quantidades de energia no ambiente, sob a forma de gases a alta temperatura e pressão elevada, em resultado de uma reação química na ausência de oxigênio gasoso ou de ar.

Materiais envolvidos na detonação:

• Pólvoras: Misturas de substâncias explosivas que por ação de agente exterior podem deflagrar.

• Detonador: Cápsula contendo um explosivo capaz de ser iniciado pelo efeito do calor libertado por uma fonte de calor ou uma ação mecânica.

• Escorva/iniciador: Detonador ou conjunto de detonador e reforçador e meio de iniciação, utilizado para provocar uma explosão.

• Mecha/rastilho: Cordão constituído por um núcleo calibrado de pólvora envolvido por um tecido e coberto com camada impermeável.

• Cordão detonante: Cordão com o núcleo de explosivo rápido envolvido por uma camada impermeável.

• Pega de fogo: Conjunto de tiros com uma sequência de rebentamento determinada para funcionar como um conjunto.

• Esquema de fogo ou Plano de Fogo: Modo de implantação e ordenamento de uma pega de fogo.

Outro aspecto importante relacionados aos explosivos é a sua classificação quando à sua aplicação ou período de uso. Eles podem ser divididos em dois grandes grupos:

Explosivos Primários: São aqueles que pelo fato de oferecerem uma maior facilidade a decomposição, quando excitados por agentes externos, são utilizados como iniciadores de cargas dos explosivos secundários. São todos aqueles materiais utilizados nos processos de iniciação dos explosivos propriamente ditos (são os que acionam os explosivos secundários): espoletas,cordéis detonantes, boosters, etc.

Explosivos Secundários: São os explosivos propriamente ditos, ou explosivos de ruptura. Por serem mais estáveis necessitam de uma quantidade de energia maior para iniciar o processo de detonação, energia esta, geralmente fornecida pela ação direta da detonação de um explosivo primário.

Precauções de segurança

Diante da alta periculosidade a qual o profissional de blaster está sujeito, existem algumas leis e normas de utilização que regulamentam a profissão e o uso de explosivos. Além de seguir à risca a todas essas leis, o blaster também deve se comprometer a prestar seu serviço com o máximo de atenção e responsabilidade possíveis, pois ele detém de certo modo todo o sucesso do empreendimento em suas operações, bem como a vida de pessoas ao seu redor.

As normas de segurança em geral constam nas NRM – Normas Reguladoras de Mineração, e tem por objetivo, fundamentalmente, afastar os principais riscos provocados pelos fatores de iniciação, que são o fogo, o calor, o choque e o atrito.

Com respeito ao manuseio de explosivos existem três princípios básicos:

1° Princípio: Devemos conhecer e saber empregar todas as regras de segurança, por mais óbvias que possam parecer. “O convívio constante com os explosivos, muitas vezes, leva o pessoal mais antigo a um relaxamento natural na observância de pequenas regras de segurança.”

2° Princípio: Devemos empregar o mínimo de pessoas e material necessário no trabalho com explosivos. “Tal princípio nos obriga a evitar a presença de curiosos e somente operar com a quantidade de explosivos necessária para o momento.”

3° Princípio: Devemos selecionar rigorosamente o pessoal que irá trabalhar com explosivos. “Devem manusear e aplicar o material os profissionais treinados e qualificados para a função – Blaster. Este profissional deve entender perfeitamente todas as regras de segurança, e, possuir o bom senso para nunca as desrespeitar.”

Na utilização de explosivos industriais, a segurança deve estar em primeiro lugar,pois os eventuais acidentes ocasionam, quase sempre enormes prejuízos, lesões graves ou até mortes. Mostram as estatísticas que, nesse campo, mais de 90% dos acidentes ocorre por falhas humanas.

Apesar dos riscos que se apresentam no manuseio de explosivos, é sempre possível operar em boas condições de trabalho e segurança, desde que se conheçam determinadas regras, aplicando-as rigorosamente.

Como se tornar habilitado em blaster

Para se tornar apto a realizar o manuseio, conexão e detonação de explosivos você deve realizar um curso de blaster. Esse curso te habilita a realizar todas as atividades descritas até aqui com total consciência e segurança. Mas existem alguns requisitos básicos para que você possa se habilitar.

Primeiro, você deve ter vínculo empregatício com alguma empresa que realmente necessite de fazer o uso ou armazenamento de explosivos para algum fim.

Segundo, a empresa a qual você trabalha deve conter o CR (Certificado de Registro), que é um documento emitido junto ao exército brasileiro, que regulariza sua empresa a armazenar, transportar e utilizar explosivos. Por último, sua empresa precisa de mais um documento que é o CFPC (Coordenação de Fiscalização de Produtos Controlados), emitido junto a Polícia Civil, que necessita do CR para ser emitido e também é obrigatório quando se diz respeito ao uso de explosivos.

Uma questão importantíssima que você deve saber é que a habilitação em blaster é válida por apenas dois anos, sendo o profissional habilitado para exercer sua função apenas em seu estado.

Etapas do curso para habilitação e reciclagem em blaster

O curso é dividido em uma parte teórica (realizada por meio de aulas orais para abordagem e discursão do conteúdo, bem como a execução de exercícios e cálculos teóricos que servirão posteriormente para operação em campo) e uma parte prática (em que será feita a aplicação de todo o aprendizado obtido anteriormente, desde a perfuração até à detonação).

Sabendo disso, apresentaremos agora o conteúdo ou o escopo do curso para habilitação e reciclagem em blaster.

O curso teórico é dividido em 5 partes principais:

1. Introdução

Inicialmente é abordado de maneira geral sobre o histórico e as descobertas estritas ao uso da pólvora e de explosivos químicos. É importante o conhecimento desses fatos pois alguns casos concretos nos dão noções essenciais sobre o funcionamento e manuseio de explosivos.

Por exemplo, em 1923, na cidade de Oppau, subúrbio da cidade de Ludwigshafen, Alemanha, descobriu-se a existência industrial de outro membro da família dos explosivos, quando ao tentar-se dinamitar um lote de nitrato de amônio que havia empedrado pela ação da umidade, provocou-se uma enorme explosão destruindo parte da cidade.

Bem turbulento o descobrimento do nitrato de amônio como explosivo não acha? De fato, conhecer tal histórico permite que tenhamos certos cuidados ao lidar com determinadas substâncias explosivas.

2. Perfuração de Rochas

O domínio sobre a etapa de perfuração de rochas é fundamental pois está intimamente ligada à execução do plano de fogo. A perfuração das rochas é a primeira operação unitária da extração e tem como finalidade a abertura de furos, com distribuição e geometria adequadas nos maciços, para alojar as cargas de explosivos e acessórios iniciadores, devidamente dimensionados.

A execução de um furo é feita através de equipamentos próprios denominados de perfuratrizes e obedece a uma sequência de três fenômenos: Corte, abrasão e esmagamento, a depender do tipo de broca a ser utilizada.

O corte é representado pela penetração do elemento cortante na rocha, promovida pela energia de percussão, provocando um cisalhamento até uma determinada profundidade.

A abrasão ocorre quando o elemento cortante percorre a superfície, em movimento de giro – energia de rotação -, exercendo sobre esta uma determinada pressão que é mantida constante através da energia de avanço. O esmagamento é representado pelo impacto dos botões contra a base do furo promovido pela energia de percussão.

3. Explosivos

Aborda-se desde os conceitos gerais de explosivos (definições e materiais) até às suas classificações, composições e usos. É fundamental também que o profissional de blaster conheça integralmente os princípios da detonação e como se dão os efeitos de uma explosão numa frente de lavra.

A interação rocha/explosivo se dá através da energia liberada pela reação química num curto intervalo de tempo. Por sua vez, esta energia é dividida em dois componentes básicos, quais sejam a energia de detonação (onda de choque), e a energia de deslocamento. A ação destes dois componentes em diferentes estágios do processo de fragmentação, provoca uma série de fenômenos responsáveis pelo real efeito da ação do explosivo sobre a rocha.

4. Plano de fogo

Define-se por plano de fogo, o conjunto de elementos que associados irão promover a melhor distribuição dos furos e das cargas explosivas, bem como a forma de ligação para a iniciação.

O primeiro passo, antes de planejar o fogo, é ter conhecimento do objetivo a atingir com o desmonte e posteriormente é estudar todas as características acerca do maciço a desmontar, como propriedades texturais (ex: densidade e resistência da rocha, ou seja, características intrínsecas ao maciço) e estruturais (ex: descontinuidades, orientação do maciço e etc.).

É uma das principais etapas de lavra que o blaster deve conhecer, pois é a partir do plano de fogo que ele irá controlar o processo de desmonte.

5. Normas de segurança

Já sabemos que essa atividade é marcada por riscos graves e que a possibilidade de acidentes é preocupante. Por isso é indispensável que o habilitado em blaster conheça o que ele pode fazer ou não durante o exercício do seu serviço, bem como tomar as precauções devidas.

O conhecimento da R-105/NR 19 e da NRM 16 é imprescindível para se operar corretamente e com segurança. Outra questão importante, é fato do profissional transformar sua experiência no trabalho como fator superior à norma, o que
muitas vezes proporciona que este desconsidere-a, provocando acidentes desastrosos.

Riscos e desvantagens em não ter um profissional de blaster na sua equipe

Agora que você já conheceu o que esse profissional faz e como se tornar habilitado para o exercício de suas funções, será que vale a pena ter pelo menos um profissional de blaster no seu empreendimento? Existem várias vantagens em tê-lo em sua equipe de lavra, desde vantagens financeiras até vantagens técnicas. Mas abordaremos aqui os riscos e desvantagens em não ter esse profissional, já que é urgente ficar ciente dessas questões se você quer iniciar um empreendimento mineiro.

1. Inviabilidade técnica

É muito comum no Brasil acontecer em certas empresas, que pessoas sejam alocadas em cargos que não estão de acordo com suas qualificações.

Infelizmente isso é bem recorrente em empreendimentos mineiros, onde o profissional de blaster muitas vezes é substituído por um engenheiro que além de exercer as suas funções devidas (elaboração do plano de fogo, gerenciamento, etc), também ficará responsável por realizar o desmonte.

Você com certeza deve ter pensado: mas se é o engenheiro o responsável por ministrar o curso de blaster, por que ele não seria a melhor pessoal para exercer essa função? A resposta é mais simples do que parece e pode ser dada em
apenas uma palavra: foco.

O profissional de blaster além de ter passado pelo curso prático, que o proporciona muita experiência ao lidar com as operações de desmonte diretamente, ele também é treinado para lidar exclusivamente com todos os imprevistos que podem surgir ao lidar com explosivos e detonações.

O mesmo acontece com o engenheiro, que muitas vezes por estar atarefado com questões ligadas ao gerenciamento de projetos pode se descuidar ao tratar diretamente do desmonte de rocha.

2. Inviabilidade econômica

O que foi citado anteriormente é um fato. Muitas microempresas acabam contratando apenas um engenheiro que fica responsável por basicamente tudo no empreendimento mineiro. Este é o chamado engenheiro “full time”. Mas será que isso é vantajoso? Com certeza não, na tentativa de querer fazer tudo você pode acabar não fazendo nada direito.

Mas esse não é o principal problema. Um profissional nessas condições, em geral, está sujeito a altas jornadas de trabalho e estresses contínuos. O efeito disso é uma remuneração extremamente alta por um serviço que muitas vezes pode não ser executado da melhor forma. É muito mais viável financeiramente, tanto na questão dos gastos com a equipe quanto nos ganhos da empresa, que você tenha profissionais qualificados para cada função específica do seu empreendimento, o que com certeza irá acarretar em melhores resultados.

3. Riscos

É muito importante salientar também que erros humanos relacionados à atividade do blaster levam à acidentes muitas vezes irreparáveis e trágicos. Um profissional de blaster qualificado deve conhecer na íntegra todas as normas e princípios que fomentam o exercício de sua função para que ele não possa colocar em riscos a sua vida e a de outras pessoas. Não ter um profissional que molde suas ações com base nessas normas pode acarretar em graves acidentes, bem como colocar em risco toda o empreendimento e os investimentos feitos.

A exemplo, em março de 2019, por exemplo, ocorreu um grave acidente numa mineradora na cidade de Teofilândia (BA), a 173 km de Salvador, que deixou dois mortos e três feridos. Segundo investigações o acidente foi provocado por uma detonação não programada.

É fundamental que o profissional de blaster tenha uma boa habilitação para que ele possa identificar anomalias estritas às operações de desmonte, podendo assim evitar certos tipos de acidentes. Por isso, você deve se atentar ao formar sua equipe de lavra, tendo profissionais corretamente alocados em cada uma de suas funções.

Assim, é importante também se preocupar coma saúde física e mental do seu blaster, para que ele possa executar suas atividades com excelência e sempre prezando pela vida.


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O que mudou com a nova lei de Segurança de Barragens

Com a entrada em vigor da nova Lei 14.006,no dia 1/10 de 2020, o Brasil passa a ter uma nova Politica Nacional de Segurança das Barragens (PNSB) sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro, a nova norma surgiu do PL 550/2019 apresentado pela senadora Leila Barros (PSB-DF).

A seguir você irá conhecer as principais alterações da Politica Nacional de Segurança das Barragens (PNSB).

Barragens do tipo “a montante”

Com a nova lei, fica proibida a construção de barragens do tipo “a montante”, usado em Brumadinho e Mariana.

O método ocorre quando os diques de contenção se apoiam sobre o próprio rejeito depositado. Todas as barragens construídas dessa forma devem ser desativadas até 25 de fevereiro de 2022. O  prazo só poderá ser prorrogado em razão de inviabilidade técnica para a desativação no período previsto, desde que a decisão, para cada estrutura, seja referendada pela autoridade licenciadora do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama).

Segurança

A nova PNSB determina que os órgãos fiscalizadores deem ciência ao órgão de proteção e à defesa civil das ações de fiscalização que constatarem a necessidade de adoção de medidas emergenciais de segurança em qualquer barragem.

É por conta disso que o plano de segurança da barragem deve ter, entre outros pontos, um plano de ação emergencial (PAE), obrigatório para todas as represas de alto e de médio dano potencial associado ou de alto risco, a critério do órgão fiscalizador. A elaboração do PAE também é obrigatória para todas as barragens de rejeitos de mineração.

O PAE deve ser publicado no site da empresa e mantido em meio digital no SNISB. Também deverá estar em meio físico no empreendimento, nos órgãos de proteção e defesa civil dos municípios inseridos no mapa de inundação ou, na inexistência desses órgãos, na prefeitura municipal. Nele deve conter 7 principais pontos:

I) Procedimentos para identificação e notificação de mau funcionamento, condições potenciais de ruptura da barragem ou outras ocorrências anormais. 

II) Procedimentos preventivos e corretivos e ações de resposta a situações emergenciais identificadas nos cenários acidentais. 

III) Programas de treinamento e divulgação para os envolvidos e para as comunidades potencialmente afetadas, com a realização de exercícios simulados periódicos. 

IV) Medidas específicas, em articulação com o poder público, para resgatar atingidos, pessoas e animais, para mitigar impactos ambientais, assegurar o abastecimento de água potável e resgatar e salvaguardar o patrimônio cultural.

V) Levantamento cadastral e mapeamento atualizado da população existente na zona de autossalvamento (ZAS), incluindo a identificação de vulnerabilidades sociais. 

VI) Plano de comunicação, incluindo contatos dos responsáveis pelo PAE na empresa, da prefeitura municipal, dos órgãos de segurança pública e de proteção e defesa civil, das unidades hospitalares mais próximas e demais entidades envolvidas. 

VII) Plano de comunicação, incluindo contatos dos responsáveis pelo PAE na empresa, da prefeitura municipal, dos órgãos de segurança pública e de proteção e defesa civil, das unidades hospitalares mais próximas.

A nova PNSB também explicita que as empresas controladoras de barragens ficam obrigadas, em casos de desastre, a reparar danos à vida humana, ao meio ambiente e aos patrimônios público e privado, até a completa descaracterização da estrutura.

O órgão fiscalizador poderá exigir a apresentação não cumulativa de caução, seguro, fiança ou outras garantias financeiras ou reais às empresas controladoras de barragem de rejeitos de mineração, resíduos industriais ou nucleares classificada como de médio e alto risco; ou de barragens de acumulação de água para fins de aproveitamento hidrelétrico, classificada como de alto risco.

Multas

A empresa que descumprir alguma obrigação da nova PNSB fica sujeita a penalidades como multas, além de eventual processo penal para reparação de danos. Fique atento a esses pontos:

I) A multa varia de R$ 2 mil a R$ 1 bilhão, e os valores devem ser atualizados periodicamente.

II) Empresas infratoras também ficam sujeitas a penalidades como embargos de obras e atividades, demolição da obra, suspensão parcial ou total das atividades, apreensão de minérios, bens e equipamentos, caducidade do título e sanções restritivas de direitos.

III) As sanções restritivas de direito são: a suspensão da licença, registro concessão, permissão ou autorização, a perda de incentivos fiscais e a perda ou suspensão da participação em linhas de crédito.

IV) A lei também coloca como prioridade do Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA) a aplicação de recursos na recuperação de áreas degradadas por desastres ambientais.

V) Em caso de infração ligada à execução de obras e serviços hidráulicos, derivação ou utilização de recursos hídricos, a empresa também fica sujeita a multas simples ou diárias, que podem ir de R$ 100 a R$ 50 milhões.

Vetos

O presidente Jair Bolsonaro vetou dois artigos da nova PNSB, que serão posteriormente analisados pelo Parlamento. Um deles previa que valores arrecadados com multas seriam revertidos na melhoria das ações dos órgãos fiscalizadores. Segundo a justificativa do veto, o artigo vinculava receitas sem o estabelecimento de cláusula de vigência, o que contraria a atual Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). A medida também comprometeria a gestão fiscal, reduzindo a flexibilidade orçamentária e dificultando políticas de ajuste.

Também foi vetada a obrigação de empreendimentos de barragem de acumulação de água apresentarem garantias para a reparação de eventuais danos ocorridos. O presidente alegou que a medida “contraria o interesse público, pois esse tipo de barragem cumpre um papel fundamental na promoção da segurança hídrica da população, promovendo regularização da oferta de água”. Além disso, acrescentou, essas barragens têm como principais controladores o poder público, nas esferas federal, estadual e municipal, que têm sofrido “fortes pressões orçamentárias”.

FONTE: Agência Senado


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